sábado, 5 de outubro de 2013

Corvos



Corvos


Como um sussurro
Murmurante
Entre os olhos negros
Abertos

Eu posso ver a cruz
Um corpo nu
Uma mente nua
Sangue seco

E o resto do que foi?
Não importa já se foi
Já não me lembro de como foi
A lembrança também se foi

Um corvo arrancou a língua
Outro arrancou os olhos
Outro arrancou a orelha
Outro comeu sua mente

Agora olho
Um corpo nu
Sem rosto
Sem mente

Um milharal
De corpos nus
Sem rostos
Sem mentes

Corvos como enxame de abelhas
As asas negras e agitas
Murmurando sempre
“Fome, fome, fome”.

Fome de línguas
Fome de olhos
Fome de orelhas
Fome de mentes



José Alberson


Nenhum comentário:

Postar um comentário