Corvos
Como um sussurro
Murmurante
Entre os olhos negros
Abertos
Eu posso ver a cruz
Um corpo nu
Uma mente nua
Sangue seco
E o resto do que foi?
Não importa já se foi
Já não me lembro de como foi
A lembrança também se foi
Um corvo arrancou a língua
Outro arrancou os olhos
Outro arrancou a orelha
Outro comeu sua mente
Agora olho
Um corpo nu
Sem rosto
Sem mente
Um milharal
De corpos nus
Sem rostos
Sem mentes
Corvos como enxame de abelhas
As asas negras e agitas
Murmurando sempre
“Fome, fome, fome”.
Fome de línguas
Fome de olhos
Fome de orelhas
Fome de mentes
José Alberson
Nenhum comentário:
Postar um comentário